No passado dia 10 de Fevereiro, alunos, professores, encarregados de educação e outros convidados reuniram-se na ESPHC para juntos reflectirem e debaterem acerca de estratégias de combate à Pobreza e Exclusão Social.
O Dr. António Cruz, presidente da Comissão Administrativa desta escola, introduziu o debate definindo dois tipos de pobreza: a “pobreza assumida” e a “pobreza sistémica”. A segunda, a que ele considera digna de maior preocupação, remete sobretudo para a pobreza extrema. Essa, afirma, “é cada vez mais global, mais grave e mais urbana”.
O Bispo Carlos Azevedo iniciou o seu discurso definindo como palavras-chave a reter desta conferência “Reflexão” e “Intervenção”.
Começou, por isso, por argumentar que a pobreza é uma “ofensa à dignidade humana”. Sem cair no exagero de excessivos dados estatísticos, referiu também que “actualmente existem mais de 250 mil bairros de lata”. A fim de Erradicar a Pobreza Extrema é fundamental que os países de unam e cooperem entre si. Contudo, D. Carlos Azevedo não se limitou a fazer referência à importância das parcerias globais para o desenvolvimento. O Bispo delineou estratégias concretas que poderão ser facilmente aplicadas no seio de um país ou comunidade e sumariou aquelas que ele entende como regras básicas para o desenvolvimento social.
Em Portugal, 8% da população é atingida pela pobreza. Carlos Azevedo sublinha que a erradicação da pobreza “não deve ser uma luta só dos sensíveis” (…) “Cada indivíduo é responsável pela erradicação da pobreza”.
O orador estabeleceu a “pedagogia social” como factor primário na erradicação da pobreza, exclusão social e defesa dos direitos sociais. Pedagogia, esta, que no seu entender, possibilitaria uma mudança radical nas mentalidades e, consequentemente, bem-estar social.
Centrando-se na situação socioeconómica de Portugal, o Bispo sustentou que primordialmente é fundamental um olhar atento e lúcido para as questões ambientais, o crescimento abismal do desemprego, as desigualdades no acesso ao emprego, as debilidades da consciência cívica, etc.
É necessário “motivar os pobres e/ou excluídos a tomar parte activa nas decisões políticas e estabelecer estratégias que permitam o desenvolvimento e a redução do desemprego”. Essas estratégias consistem, por exemplo, em estabelecer uma “harmonia entre e investigação e a acção”, ou seja, reforçar o papel da ciência por meio de parcerias entre o governo e faculdades ou laboratórios de investigação científica, bem como a “capacitação dos actores sociais” não só através da educação como também estimulando a criatividade e a inovação.
Ainda no âmbito da pedagogia social, defendeu o diálogo como meio de garantir a “plenitude do ser humano” em detrimento da violência e atitudes discriminatórias. Noutra perspectiva, o diálogo é também um alicerce fulcral para o crescimento empresarial, cultural e na estimulação ao empreendedorismo.
Lembrando que no seio de um país há uma grande “pluralidade de pessoas” torna-se fulcral “combater a indiferença e/ou individualização” e garantir a “preservação das autonomias”.
Prosseguiu a sua argumentação, sustentando-a com uma citação de do papa Bento XVI: “ o homem é o protagonista, o centro e o fim de toda a vida económico-social.”
Mais uma vez, interrogou o público: “o que é um país desenvolvido?”. Ao que respondeu que “é necessário revolucionar o nosso conceito de desenvolvimento” e nele integrar as dimensões ética, psicológica e social do ser humano, uma vez que estas estão directamente vinculadas ao desenvolvimento de um país.